terça-feira, 22 de junho de 2010

Na Revista do Cinema Brasileiro: os blogs de crítica e o cinema nacional

Ou melhor: a crítica dos blogs e o nosso cinema

No último sábado (19/6), no programa da Revista do Cinema Brasileiro, (TV Brasil),  a repórter Roberta Canuto conversou com o nosso diretor, José Joffily, nossa assessora de imprensa, Anna Luiza Muller e os blogueiros Mattheus Rocha e Carlos Eduardo Bacellar, que assistiram ao filme "Olhos Azuis" em nossa sessão exclusiva para blogueiros.

Confiram a matéria e sigam conectados!



Você costuma ler o que é publicado na Internet sobre os filmes que você vai assistir? Pensando nessa tendência do mundo contemporâneo, diretores brasileiros têm feito sessões exclusivas para os blogueiros. Os filme Olhos Azuis de José Jofilly é um dos longas que está de olhos na opinião de quem faz a cabeça do público que vive conectado.(...)

sexta-feira, 18 de junho de 2010

A tensão racial de Joffily

No Zero Hora, em 18 de junho de 2010, por Roger Lerina.

ESTREIAS


Vencedor de cinco prêmios no Festival de Paulínia do ano passado, inclusive de melhor filme, Olhos Azuis (2009) mostra o preconceito racial e cultural dos americanos em uma trama que mistura drama e suspense policial. No novo filme do diretor José Joffily, o setor de imigração do aeroporto JFK, em Nova York, é o palco do embate entre um policial americano e um brasileiro residente nos Estados Unidos.

Em Olhos Azuis, o excelente Irandhir Santos – ator de filmes como Viajo Porque Preciso, Volto Porque te Amo e Quincas Berro d’Água – encarna um professor universitário que está voltando aos Estados Unidos depois de visitar a filha em Pernambuco. O destino do brasileiro Nonato, porém, muda drasticamente ao ser chamado para dar explicações ao oficial de imigração vivido pelo ator David Rasche (de Queime Depois de Ler), um preconceituoso policial com problemas de bebida que está à beira de surtar em seu último dia de trabalho. Apesar dos protestos dos subalternos interpretados pelos bons atores Frank Grillo e Erica Gimpel, o modo como o oficial Marshall trata os estrangeiros considerados suspeitos conduz os acontecimentos rumo a uma tragédia.

A história de Olhos Azuis se passa em dois tempos: as cenas no aeroporto – que renderam a Irandhir o prêmio de ator coadjuvante em Paulínia – alternam-se com sequências no Nordeste, anos depois do episódio, quando o americano tenta entrar em contato com a família de Nonato. Joffily – que adaptou a trama da peça Dois Perdidos numa Noite Suja para o mundo dos imigrantes brasileiros em Nova York em sua versão para o cinema de 2002 – denuncia a intolerância aos estrangeiros que recrudesceu nos Estados Unidos após o 11 de Setembro. No entanto, a tensão e a dramaticidade de Olhos Azuis ficam comprometidas diante do roteiro implausível e recheado de diálogos didáticos e pouco inspirados, que comprometem o resultado final do filme.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Filme brasileiro retrata trabalho de agente de imigração em aeroporto JFK

Do portal Comunidade News


“Olhos Azuis”, de José Joffily, mostra imigrantes barrados no Aeroporto JFK.


Muitos imigrantes devem se identificar com o enredo do filme “Olhos Azuis”, do cineasta brasileiro José Joffily, 64. A história, que tem atores brasileiros e estrangeiros no elenco, mostra imigrantes num aeroporto serem impedidos de entrar nos Estados Unidos. 


O enredo mostra o último dia de trabalho de Marshall (David Rasche), chefe da imigração do Aeroporto JFK de Nova Iorque. Na esperança de deixar uma lição para os subordinados, detém arbitrariamente um grupo de latinos que sonhava entrar nos Estados Unidos. A partir daí, cria-se um verdadeiro duelo entre “olhos azuis” e “olhos negros”. 


A inspiração de Joffily nasceu num documentário, onde a pedagoga americana Jane Elliot propõe aos americanos (olhos azuis) conhecerem na prática as dores de pertencerem a uma minoria (olhos negros). Depois disso, Joffily hospedou em sua casa um amigo que foi interrogado num aeroporto de Nova Iorque e deportado. 


Por telefone do Rio de Janeiro, José Joffily disse que as histórias contadas pelo amigo também o inspiraram. Na opinião dele, o sul-americano que viaja para o primeiro mundo passa muitas vezes por constrangimentos. “De maior ou menor gravidade, nos serviços de imigração”, disse ele. Segundo Joffily, o filme passeia por esta questão. “Você viajar e ser detido no aeroporto para averiguações”. 


Joffily acredita que Marshall represente o pensamento do americano médio, aquele que vive no interior dos Estados Unidos . “Entra muito a imaginação da gente com relação à história”. Segundo o cineasta, o agente de imigração é absolutamente sincero com o que ele pensa. “A democracia americana tem isso de espetacular, eles exercem o pensamento de direita ou de esquerda”. 


As manifestações vistas por Joffily, quando morou em Nova Iorque na década de 60, foram um verdadeiro encantamento para ele. Relatos de amigos e conhecidos de Joffily ajudaram a compor a história.


Depois de um desfecho trágico no aeroporto JFK, Marshall vai para o Brasil. Em busca de perdão atravessa o nordeste, guiado por Bia (Cristina Lago), uma bela garota que transforma a vida do americano. A atuação rendeu à brasileira o prêmio de Melhor Atriz no Festival Paulínia 2009, onde Irandhir Santos também foi premiado como Melhor Ator Coadjuvante.


Paraibano de João Pessoa, José Joffily é diretor, roteirista, produtor e eventualmente ator. Atuou em “Bete Balanço” e na novela “Kananga do Japão”, e ganhou o Kikito de Ouro no Festival de Gramado em 1996 por “Quem Matou Pixote?”, categorias Melhor Filme, Argumento/Roteiro. Por “Olhos Azuis”, foi premiado com A Menina de Ouro no Festival de Paulínia 2009.


A força imigrante


Sobre os Estados Unidos, disse que o país é formado por imigrantes, assim como o Brasil. “Os imigrantes é que são a força econômica do país. A força dos Estados Unidos é a imigração”. 


O time de atores de “Olhos Azuis”, composto também por cubanos, argentinos,  hondurenhos, contribuiu muito para a qualidade do filme, segundo Joffily. A questão da imigração, de acordo com o cineasta, é muito evidente. “Ninguém em sã consciência, ninguém sinceramente poderá dizer que não há uma reação dos Estados Unidos contra o imigrante”. Para ele não há o mocinho e o bandido. “Todos são mocinhos e todos são bandidos”. 


Em um filme produzido por um americano, Joffily viu guatemaltecos cruzando a fronteira mexicana. “É um filme muito violento”. 


De acordo com Joffily, os atores americanos – David Rasche, Erica Gimpel e Frank Grillo - tiveram grande contribuição na construção dos personagens de “Olhos Azuis”. “Criticavam muito o texto”. Isto deu bastante veracidade às situações do filme. Durante as filmagens, o diretor fazia uma mesa redonda com todos os atores. O filme foi todo feito no Brasil, com uma reprodução o mais fiel possível da sala do aeroporto JFK, onde os imigrantes são interrogados. 


Sobre o imigrante brasileiro nos Estados Unidos, Joffily disse que existem tanto pressões quanto condições favoráveis para a permanência dele no país. “Ele sabe que anda na rua muitas vezes, em algumas cidades, e é identificado como o antagonista, como alguém não desejável. Por outro lado tenho certeza que o imigrante aí convive com a experiênca muito boa de levar uma vida normal, no país que escolheu para viver. Certamente não é só sofrimento, só chateação, preconceito”. 


O cineasta tem curiosidade de saber a reação das pessoas, ao ver o filme. No Festival Brasileiro de Cinema de Paris, David Rasche e Irandhir Santos dividiram o prêmio de Melhor Atuação Masculina. Nos Estados Unidos, “Olhos Azuis” foi exibido no festival de Berkshire (NY) e no Cine Fest Petrobras Brasil-NY. O filme percorre ainda Miami, Vancouver e Toronto (Canadá), Israel e Londres. A crítica e o público brasileiros aplaudiram o filme. 


Atualmente Joffily está adaptando a peça “Mão na Luva”, de Oduvaldo Vianna Filho. A direção é em conjunto com Roberto Bontempo e as filmagens serão em Belo Horizonte (MG). 

Atriz “imigrante” fala sobre o polêmico filme Olhos Azuis

Do Último Segundo - IG

Clique na imagem para ampliar

Pernambucano em todas no cinema

O Dia - Rio de Janeiro /RJ - 15/6/2010 - Pág. 04 

Clique na imagem para ampliar

Zoom - Celso Sabadin: Olhos Azuis

O crítico Celso Sabadin comenta a estreia do filme "Olhos Azuis" do diretor José Joffily no Zoom.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Olhos Azuis é destaque no Guia da Semana em Curitiba

Do site Guia da Semana


       Marshall (David Rasche) é chefe do Departamento de Imigração de um aeroporto em Nova York, prestes a se aposentar. No seu último dia de trabalho, ele detém um grupo de latino-americanos e, tomado pelo preconceito, coloca-os em situações constrangedoras, sem pensar em possíveis consequências.
       Alguns anos depois, os papéis se invertem e Marshall é agora um estrangeiro no Brasil. Obcecado pela vontade de encontrar uma criança no sertão nordestino, ele segue em sua jornada, acompanhado pela garota de programa Bia (Cristina Lago).
       Olhos Azuis é dirigido por José Joffily, de Quem Matou Pixote? e Achados e Perdidos. O longa ganhou os prêmios de Melhor Filme, Roteiro, Montagem, Atriz, Ator Coadjuvante e Som no II Festival de Paulínia (2009).


Atores de 'Olhos azuis' falam das diferenças entre Brasil e EUA

Do site JB Online, por Jornal do Brasil

       David Rasche e Irandhir Santos. O primeiro é um americano que ganhou fama no Brasil nos anos 80 parodiando Dirty Harry com a série Na mira do tira. O segundo nasceu em Pernambuco, e firma-se como um dos valores crescentes do cinema nacional. Trajetórias distintas, com dois pontos em comum: ambos ganharam ex aequo o prêmio de Melhor Ator no último Festival de Cinema Brasileiro de Paris, e ambos dividem a cena em Olhos azuis, drama sobre a imigração dirigido sobre José Joffily, que estreia nesta sexta-feira no Rio. A convite do Caderno B, realizaram um bate-papo sobre seus papeis. Rasche vive um chefe do Departamento de Imigração do aeroporto JFK, em Nova York, que decide comemorar seu último dia de trabalho complicando a entrada de latinos. Santos é um imigrante que tem sua entrada no país barrada por Marshall (Rasche). Mas uma reviravolta trará o intolerante americano ao Brasil – em busca de redenção.

>> Irandhir Santos | David Rasche pergunta:
 
Para você, qual a imagem que os brasileiros têm dos norte-americanos?

Uma imagem relacionada ao poder, ao desenvolvimento econômico, à riqueza. Mas ao mesmo tempo, é uma imagem manchada pela prepotência e pela intolerância.

E a imagem inversa? Como você imagina que os americanos enxergam vocês, brasileiros?

Nunca estive nos Estados Unidos. Mas acredito que seja uma imagem de um povo, em sua essência, festivo.

Acha que 'Olhos azuis' fala sobre esses preconceitos? Se sim, de que forma?

Eu creio que Olhos azuis fala de temas importantes como a difícil situação do imigrante, a relação de poder entre os americanos e as pessoas que querem morar lá, e a nação como pressuposto de criminalidade, de terrorismo. Esses são os pontos importantes abordados no filme.

Você já havia trabalhado com profissionais americanos antes de 'Olhos azuis'?

Não, nunca. Vocês foram os primeiros e a experiência foi ótima. Espero repeti-la.

Suas impressões sobre os americanos mudaram ou continuaram as mesmas depois dessa experiência?


O contato com os colegas americanos resultou em uma experiência extremamente prazerosa de aprendizado mútuo. E ninguém permanece o mesmo depois de algo assim. Agora não sou mais o mesmo.

Qual você acha que será a reação do publico para a historia de um americano que após cometer um erro busca a redenção?

Difícil dizer. Para mim, só acredito que a redenção se dáa partir do encontro de Marshall, o seu personagem, com a menina, filha de Nonato, meu personagem. Porque naquele momento as diferenças se acabam.

Qual você acha que será a diferença de reação entre brasileiros e americanos ao assistirem ao filme?

Para os brasileiros, a identificação direta com a dor sofrida não só por Nonato mas pelos latinos. Em relação aos americanos, acredito que, ao assistir ao filme, vão se perguntar: por que será que um latino-americano, de um país tão festivo como o Brasil, resolveu fazer um filme dessa maneira? Entende?

Você chegou a ficar confuso no set, onde se falavam três línguas diferentes?

Sabe que não? Não fiquei confuso. Até porque começou a ter outro tipo de linguagem lá. A linguagem do cinema.

Qual você considera a melhor parte da minha performance no filme? Você não precisa responder esta...

Essa pergunta é ótima! Sem dúvida, foram as farpas atiradas por seu personagem, que desestabilizam por completo o meu personagem.

>> David Rasche | Irandhir pergunta:


Durante as filmagens no Brasil, você chegou a ser reconhecido pelas pessoas que lembravam do seriado 'Na mira do tira'?

Sim, o que me surpreendeu. Nas ruas do Rio, as pessoas lembravam de mim não só por causa da série, mas também por filmes que fiz. Não sabia que Na mira tinha sido tão popular.

Marshall, seu personagem, é cheio de preconceitos contra os latino-americanos. Qual é sua visão pessoal sobre nós, latinos?

Amei o Brasil e os brasileiros. São calorosos, lindos, divertidos, inteligentes e criativos. Sim, meu personagem era cheio de preconceitos, e como costuma acontecer, seus preconceitos vinham da inveja; ele se ressente, por exemplo, do fato de o turista brasileiro ganhar mais dinheiro que ele. O coração de Marshall era cheio de decepções e ódio, ele era cruel e e muito de sua atitude é característica da xenofobia dos americanos. Mas o que faz do filme tão interessante é que a história não se resume a “Marshall é ruim e os brasileiros são bons”. A vida é muito complexa e o certo e o errado raramente estão em lados totalmente opostos. Não sei se é fácil para os brasileiros aceitarem que o americano, no fim das contas, não era de todo mau.

Como os brasileiros encaram os americanos?

Bem, meu personagem é o “Americano feio”, que encarna todas as características negativas que tantos associam aos Estados Unidos. E a produtora do filme, Heloisa Rezende, me disse que as pessoas da equipe temiam que eu, na vida real, fosse exatamente como o personagem. No final acho que eles ficaram surpresos ao ver que tinham um amigo nas mãos, e não um inimigo.

E o inverso? Como o brasileiro é visto pelos americanos?

Não conhecemos o suficiente sobre o Brasil ou sobre os brasileiros. Muito do que sabemos sobre você vem da música. Mesmo antes de eu vir ao Brasil, a bossa nova era meu estilo musical favorito. Chico Buarque, Baden Powell, João Gilberto, Caetano Veloso...

Acha que aprendeu algo com a experiência de trabalhar com um elenco multinacional?

Fiquei muito, muito impressionado com todos. Podemos falar línguas diferente, mas compartilhamos da mesma disciplina. Aprendi que a América Latina está cheia de artistas maravilhosos.

Qual a principal diferença de estilo entre os diretores americanos e o trabalho de José Joffily?


Joffily colabora muito com os atores. Está sempre aberto a qualquer ideia. No fim, a decisão é dele, mas em vez de excluir as ideias dos outros, ele as inclui. Isso faz com que todos se sintam um pouco responsáveis pelo resultado final. Não conhecia sua obra antes, mas agora estou bem familiarizado com seus filmes.

Lançamento do livro sobre o filme é destaque no Blog

Do Blog Cinideia, por Cris Corso

       Na última quarta-feira, 09/06, aconteceu em Botafogo - RJ, na Livraria Blooks, no espaço Unibanco Artplex, o lançamento do livro homônimo do filme Olhos Azuis, de direção de José Joffily, roteiro assinado por Paulo Halm, Jorge Durán e Melanie Dimantas.
       Depois do convite, que perdi, infelizmente por motivos técnicos, da pré-estreia só para bloggeiros do filme 'Olhos Azuis', recebi o convite, de ir ao lançamento do livro, com um grande prazer compareci na livraria, e pude parabenizar pessoalmente seus realizadores.
O filme, ainda não o vi, porém, já marquei para semana que vem. Meus dois convites enviados pela Coevos filmes, chegaram ontem, 11/06, mas já dei uma lida em alguns releases e críticas que falam sobre a obra. Muitos podem ser lidos no site do filme em http://www.olhosazuisfilme.com.br/ .
       O livro, segundo o José Joffily, é uma obra mais voltada para estudantes e amantes do cinema, ele vem com os dois roteiros do filme que entrou em circuito em 28 de maio de 2010.
Olhos Azuis começou a ser escrito anos atrás, em 1999, e foi realizado em 2007. Em 2009 participou do II Festival de Cinema de Paulínia - SP, no qual foi premiado em 6 categorias incluindo o de melhor filme com  o Troféu Menina de Ouro, fazendo seus realizadores receberem o convite da editora Imprensa oficial, do estado de São Paulo, para produzirem o livro, que já pode ser comprado nas melhores livrarias.



Olhos Azuis:
       Marshall (David Rasche) é o chefe do Departamento de Imigração do aeroporto JFK, em Nova York. Comemorando seu último dia de trabalho, Marshall resolve se divertir complicando a entrada no país de vários latino-americanos. Entre eles está Nonato (Irandhir Santos), um brasileiro radicado nos EUA, dois poetas argentinos, uma bailarina cubana e um grupo de lutadores hondurenhos. Dois anos depois, Marshall vem ao Brasil procurar uma menina de nome Luiza. Quando ele conhece Bia (Cristina Lago), uma jornada em busca de redenção se inicia.

       Confiram o trailer do filme, e vão voando conferir no cinema. Segundo pessoas, presentes na Blooks, o filme é sensacional, e só pelos releases que estive lendo realmente parece ser ótimo, bem assim que eu assistir a obra virei aqui postar para lerem.
 


Olhos Azuis é destaque no Blog Brazlopes

Do Blog Brazlopes, por Regina Lopes.

       Não deve ter sido tarefa fácil para o júri do Festival de Paulínia de 2009 escolher entre o fofo “Antes que o Mundo Acabe” e o criativo drama “Olhos Azuis”. O primeiro, ainda inédito nas salas paulistanas, faturou cinco prêmios, incluindo o de direção para Ana Luisa Azevedo. O segundo, que entra em cartaz em oito salas, foi laureado nas categorias melhor filme, roteiro, atriz (Cristina Lago), ator coadjuvante (Irandhir Santos), montagem e som. Paraibano radicado no Rio de Janeiro, José Joffily, de 64 anos, faz de “Olhos Azuis” o melhor e mais redondo longa-metragem desde sua estreia na direção, em 1985. 
       A história é dividida em dois tempos e locais distintos. No passado, Marshall (o ator americano David Rasche) cumpre seu último dia na função de fiscal da polícia de imigração num aeroporto dos Estados Unidos. Prestes a se aposentar, ele decide tornar torturante o processo de entrada de alguns passageiros naquele país. Na fila para uma entrevista, há um modesto empresário nordestino (papel de Irandhir Santos), um casal de poetas argentinos, uma dançarina cubana e um grupo de lutadores hondurenhos. A narrativa no presente começa ambientada no Recife, onde Marshall pede a ajuda de uma garota de programa (Cristina Lago) para descobrir o paradeiro de uma menina. 
       Sabe-se de antemão que as duas tramas, ambas nervosas, vão convergir para um desfecho dramático. Joffily diz ter se inspirado na experiência pessoal de um amigo, encrencado na alfândega de Nova York e deportado de lá, para dar forma ao argumento. Embora o diretor carregue propositadamente nas tintas e a trama se revele artificial em alguns momentos, a discussão sobre intolerância racial e outros preconceitos se mostra oportuna. Até mesmo a redenção do protagonista em solo brasileiro, algo capaz de soar déjà vu, ganha contornos convincentes pelas atuações de Rasche e Cristina. Estreou em 28/05/2010.

Atores de “Olhos Azuis” passeiam pela Estátua da Liberdade

Do site Última Hora Cultura, por Valmir Moratelli.

       No filme “Olhos Azuis”, Marshall (vivido por Rasche) é o chefe do Departamento de Imigração do aeroporto JFK, nos Estados Unidos. Ele está prestes a se aposentar e decide começar a comemorar no último dia de trabalho, juntamente com seus colegas. Após beber, complica a entrada de imigrantes no país. Entre eles está Nonato (Irandhir Santos), seu alvo predileto, que faz com que ele viaje ao Brasil. No caminho ele conhece Bia (Cristina Lago), uma prostituta que o ajuda em sua busca.
       Curiosamente, o passeio feito de barco até a famosa estátua, símbolo dos americanos, passa por um “museu da imigração”. “Vim com meu amigo, ele queria que eu conhecesse este lugar. É muito bonito”, disse Cristina, que é natural de Rondônia e interpreta sua segunda personagem no cinema. A primeira foi em “Maré – Nossa História de Amor”.

       
       A reportagem do iG acompanhou com exclusividade os atores neste passeio, ao longo da tarde. Por cerca de duas horas - contando a longa espera em imensas filas, a partir do extremo sul de Manhattan, é possível pegar um ferry boat (ao custo de 17 dólares, por pessoa), atravessar a baía e chegar aos pés do monumento que, por muitos anos, durante o começo do século passado, foi o cartão de boas vindas aos imigrantes europeus que chegaram à América rumo a uma nova oportunidade de vida.
       Durante o trajeto, Rasche foi explicando à colega brasileira sobre a história da ilhota que abriga a estátua. Cristina fez questão de posar em frente ao cartão postal tão conhecido pelo mundo todo.
       David Rasche é um famoso ator da televisão americana. Nascido no estado de St. Louis, em Missouri, ele já fez seriados como “Ugly Betty”, “All my children”, entre outros. No cinema, esteve no elenco de “United 93” (2006), além de diversos outros trabalhos.
 

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Olhos Azuis choca platéia nos EUA !!!




       Olhos Azuis é o filme mais polêmico da oitava edição do “Cine Fest Petrobras Brasil – NY”, que acontece na cidade americana. O longa, que já está em cartaz no Brasil há duas semanas, conta a história de Marshall (vivido pelo ator americano David Rasche), que é o chefe do Departamento de Imigração do aeroporto JFK, nos Estados Unidos. Ele está prestes a se aposentar e resolve se divertir com um grupo de imigrantes, complicando sua entrada no país apenas por diversão.
       As humilhações morais, e até físicas, pelas quais os imigrantes passam, ao longo da história, tocam em cheio o público do festival – composto, em sua maioria, por brasileiros e outros latinos em geral. A cada desaforo de algum dos personagens, o público reage com comentários de indignação. Exibido na noite de quarta-feira (9), este é, até o momento, o longa que mais despertou a ira dos presentes e tem levantado discussões além das sessões nas salas de cinema.
       As amigas cariocas Joy Ernanny e Cinthia Azevedo, que moram nos Estados Unidos há dois anos e meio, saíram da sessão travando um bate-papo caloroso. “Gostei muito do filme. Eu mesma passo problemas na imigração americana sempre que retorno para cá. Uma vez eles erraram meu nome com o da minha irmã no sistema, e o problema persiste para sempre. Sou chamada diversas vezes para a salinha”, conta Joy, jornalista, em referência à sala de controle de imigração para onde são encaminhados os “suspeitos” de quererem ficar em definitivo nos Estados Unidos.
       Cinthia conta que também sofre com a burocracia americana, em nome da segurança nacional. “Meus pais são diplomatas, e por isso tenho visto diferenciado. Mas o pessoal da imigração sempre me questiona por isso. Sei que minha realidade é diferente da que é retratada no filme, tem gente que sofre muito para entrar”, afirma a jovem, estudante.
       Já a americana Samantha Croussgry saiu da sala com os olhos marejados. “É um problema que precisa ser resolvido. Tem que haver fiscalização, mas não é com intolerância e preconceito. Isso não reflete o que é esse nosso país”, disse ela.
       Pela receptividade do público, Olhos Azuis é um dos filmes mais requisitados para vencer no voto popular o prêmio dessa oitava edição do “Cine Fest Petrobras Brasil – NY”, que se encerra  sábado.


Em Curitiba!

Do site Ir e Ver em Curitiba

Olhos Azuis no Gente Boa !!

Do Jornal O Globo, Por Joaquim Ferreira dos Santos

                                               Clique na imagem para ampliar

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Olhos Azuis recebe boa crítica no site Pipoca Combo

Do site Pipoca Combo, por Virgilio Souza

       Qualquer brasileiro que já tenha visitado os Estados Unidos sabe como é sentir um frio na barriga antes de ser entrevistado pelos responsáveis pelo processo de admissão de estrangeiros. Em Olhos Azuis, que narra a história do policial Marshall (David Rasche, na melhor atuação de sua carreira), essa burocrática rotina é alterada quando a xenofobia e o ideal ilusório de proteção contra a “ameaça externa” falam mais alto que as normas de procedimento.
       Num primeiro momento, Marshall se vê prestes a se aposentar no Departamento de Imigração do aeroporto JFK, em Nova Iorque, e precisa indicar um sucessor entre seus dois assistentes, a abusiva e intempestiva Sandra (Erica Gimpel) e o correto Bob (Frank Grillo). Enfrentando problemas com o alcoolismo – ele começa a beber em sua festa de despedida, durante o expediente –, passa a cometer uma série de arbitrariedades contra um grupo de latino-americanos, expondo-os a situações vexatórias para, em tese, comprovar a veracidade de suas respostas e seu “direito a visitar a América”. Dentre os mais variados postulantes à admissão – que vão de um casal de argentinos carregando cocaína a uma bela dançarina cubana, passando por um grupo guatemalteco de lutadores de tae kwon do – encontra-se o brasileiro Nonato (um intenso Irandhir Santos), que tenta retornar aos Estados Unidos após ter visitado a filha no Brasil.

       Grande vencedor do Festival de Paulínia do ano passado, o brasileiro Olhos Azuis passou anos arquivado esperando financiamento e chega na próxima sexta-feira, 28, aos cinemas. É um retrato belo e corajoso da imigração latino-americana nos Estados Unidos e merece ser visto.

       Na sala do aeroporto em que os estrangeiros são entrevistados um a um, a tensão cresce gradativamente, na medida em que Marshall fica cada vez mais bêbado e intolerante. Paralelamente, a produção mostra, em recortes e sem anunciar uma ordem cronológica definida, dois outros momentos da vida do policial: o primeiro, em que ele está preso numa penitenciária; o segundo, anos depois, em que ele está no Nordeste do Brasil em busca de uma criança que, se encontrada, representará sua redenção. Nessa segunda situação, o protagonista – desamparado, decadente e já aposentado – encontra Bia (Cristina Lago), uma jovem aparentemente sem rumo que passa a ajudá-lo na procura pela garota.
       É nessa distinção entre a degradação e a redenção de Marshall que os méritos do roteiro de Paulo Halm e Melanie Dimantas e da direção de José Joffily mais aparecem. Nas cenas acontecidas no aeroporto, as cores – em tons quase únicos de azul e cinza – são frias e a câmera mostra o policial numa espécie de pedestal – enquanto as conversas entre os latino-americanos são filmadas de perto, as entrevistas são mostradas em quadros mais distantes. Nos momentos em que Marshall está no Brasil, por sua vez, sua busca incessante e afobada faz com que a câmera fique cada vez mais trêmula; as cores, mais quentes; e a trilha sonora, mais agitada, passando até mesmo por ritmos como o forró.
       A própria angústia, presente nas duas situações, é representada em planos distintos e faz com que o espectador se porte de diferentes maneiras de acordo com o período retratado na tela. Se em certas ocasiões a indignação é causada pelo extremo preconceito de Marshall contra aqueles que ele chama de “cucarachas”, em especial Nonato; em outras é fruto da compaixão para com ele, agora mais humanizado (mas, vale lembrar, bem longe de ser um herói), e da simpatia de Bia, que ganha seu espaço e cumpre importante papel na trama.
       Por fim, a construção do suspense em Olhos Azuis impressiona, e as duas tramas convencem justamente por convergirem em um final que é até esperado, mas não óbvio, e que foge tanto de clichês e extremismos desnecessários quanto de discursos excessivamente didáticos ou panfletários, ainda que apresente uma importante discussão acerca das diferenças culturais, sociais, políticas e históricas entre os Estados Unidos e as nações latino-americanas. Não é só um ótimo filme sobre a queda de um homem de sua posição de falsa superioridade, mas também uma aula correta e coerente sobre uma questão extremamente controversa. É o cinema brasileiro se mostrando acessível ao público sem cair em antigos estigmas e estereótipos.

Olhos Azuis é destaque na Folha de Pernambuco

Do site Folha de Pernambuco, por Luiz Joaquim

Olhos azuis VS olhos negros

       Algo inédito acontece hoje. Pela primeira vez, um ator pernambucano, Irandhir Santos, está em cartaz nos cinemas em três filmes. “Olhos Azuis” (Brasil, 2009), de José Joffily, “Viajo Porque Preciso, Volto Porque te Amo”, de Marcelo Gomes e Karin Aïnouz - ambos filmes estreando - e “Quincas Berro D’Água”, de Sérgio Machado. De forma curiosa, os dois primeiros podem ser vistos como um complemento, isso porque o Irandhir de “Olhos Azuis” é um professor que saiu de Petrolina e foi ao Recife cursar História na Universidade Federal de Pernambuco.
       Há um movimento inverso - da metrópole para o sertão - ao de “Viajo...” em “Olhos Azuis” que é  feito pelo policial da fronteira norte-americana Marshall (David Rasche). Ele segue em função de Nonato (personagem de Irandhir) que voltava aos Estados Unidos, onde reside, após visitar a filha pequena no Recife.
       Funcionando em dois tempos distintos, o filme de Joffily - que já visitou o universo do imigrante nos EUA em “2 Perdidos numa Noite Suja” (2002) - mostra a tensão de quatro grupos de viajantes (um casal argentino, uma bailarina cubana, atletas colombianos, e o brasileiro Nonato dono de um restaurante) sendo interrogados no departamento de imigração do aeroporto americano JFK (na verdade os estúdios de Paulínia).
       O outro tempo do filme é do trajeto de Marshall em busca de uma redenção pelo sertão nordestino ao lado da prostituta Bia (Cristina Lago).
       Apesar da estrutura formal de “Olhos Azuis” não agradar a alguns já cansados do exercício de enredo múltiplo temático, exposto principalmente pelos filmes de Alejandro G. Iñárritu (“Amores Brutos”, “Babel”), o longa de Joffily funciona pela fluidez em seus dois tempos - com dinamicidade melhor aproveitada no aeroporto, é verdade.
       O foco aqui é o preconceito, a ignorância, o abuso de poder e a redenção. “Olhos Azuis” é um bom exercício que caminha com desenvoltura por esses temas, e o roteiro dá espaço para seus atores mostrarem talento. Destaque para o próprio Irandhir - que aceitou o papel sem saber falar inglês - e para Cristina Lago.
       Se Irandhir chama a atenção pela mistura de contenção e explosão diante da humilhação que sofre com o policial norte-americano, Cristina destaca-se pela também duplicidade de sentidos que dá a sua prostituta. Se numa hora a vemos leve e livre numa Recife festiva, também a vemos melancólica, mas altiva, pela sua condição.
       Curiosidade: no curta-metragem “Azul”, de Eric Laurence, Irandhir de certa forma atua como o filho do personagem da atriz Zezita Matos. Em “Olhos Azuis”, ela também é a mãe de Irandhir.

Lu Fernandes - Comunicação e Imprensa comenta o livro sobre o filme


       Novo livro da Coleção Aplauso traz duas versões do roteiro – uma de 1999 e outra de 2007 –do filme recém-lançado por José Joffily. A história acompanha Marshall, responsável por “escolher” os estrangeiros autorizados ou não a entrar no país, em dois momentos: seu último dia como chefe de imigração de um aeroporto nos Estados Unidos e sua busca em Pernambuco pela filha de Nonato, brasileiro que estava na fila da imigração no derradeiro dia de trabalho do norte-americano. Lançamento acontece na próxima quarta-feira, 9 de junho, na Livraria do Espaço Unibanco do Rio de Janeiro.



Olhos azuis
Roteiro de Melanie Dimantas e Paulo Halm
Coleção Aplauso / Imprensa Oficial do Estado de São Paulo
432 páginas
R$ 15,00


     




       O tratamento dispensado aos estrangeiros pelos funcionários de imigração dos países do chamado primeiro mundo é tema cada vez mais recorrente e polêmico em todo o mundo. Preconceito, humilhação, abuso, constrangimento ou alívio estão entre as palavras mais comuns utilizadas por quem vive a experiência do interrogatório nos aeroportos e que aparecem pelo menos uma vez no roteiro de “Olhos azuis”, filme recém-lançado nos cinemas e que agora é publicado pela Coleção Aplauso, Série Cinema Brasil, da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo. Com direção de José Joffily, argumento dele e de Jorge Duran e roteiro de Melanie Dimantas e Paulo Halm, o filme ganhou seis prêmios no II Festival Paulínia de Cinema, incluindo o de melhor filme. O livro será lançado nesta quarta-feira (9 de junho), a partir das 19 horas, na livraria do Espaço Unibanco do Rio de Janeiro – Rua Voluntários da Pátria, 35, Botafogo.

       “Olhos azuis” acompanha Marshall, ex-chefe de departamento de imigração de um aeroporto americano, na procura de uma menina em Pernambuco, e entremeia cenas de seu último dia de trabalho antes da aposentadoria. Passam pelo seu interrogatório cínico e racista diversos visitantes latinos, entre eles hondurenhos, argentinos, chilenos, bolivianos, cubanos e o brasileiro Nonato, pai da menina por quem Marshall procura no Brasil alguns anos depois, na tentativa de se reconciliar com sua culpa motivada pelo trágico fim de sua carreira.

       Durante os interrogatórios, carregados de preconceito e ironias por parte de Marshall e seus colegas – uma mulher negra e um homem descendente de mexicanos –, percebe-se a carga psicológica a que são submetidos os visitantes e sua dúvida entre enfrentar os interrogadores ou calar-se diante dos insultos na tentativa de conquistar compaixão e a tão sonhada permissão para ingressar no país. Nessas horas, nem mesmo o visto obtido legalmente ajuda a furar o bloqueio.

       Convidado por Joffily para escrever um argumento, Jorge Durán se baseou no documentário “Olhos Azuis”, no qual a pedagoga americana Jane Elliot organizava uma oficina que dava aos norte-americanos a possibilidade de experimentar o que sentiam os estrangeiros: os “olhos azuis” sentavam-se no chão, tendo em sua volta um semi-círculo formado por representantes de minorias, chamados de “olhos negros”. A pedagoga estimulava o confronto, no qual os “olhos negros” duvidavam das respostas dos “olhos azuis” e continuavam o duro interrogatório. Em pouco tempo surgiu a primeira versão do roteiro, publicada no livro, mas que não saiu do papel. Oito anos depois Joffily releu o roteiro e percebeu que o tempo havia interferido na história. Pediu a Paulo Halm algumas sugestões, que culminaram com a divisão da história em duas vertentes: uma, no aeroporto de Miami, e a outra com o protagonista cruzando o estado de Pernambuco. Essa versão também está publicada na obra.

       Joffily explica que a ideia do filme nasceu a partir do convívio com um amigo – identificado pelo diretor como Raimundo Nonato – que havia sido deportado quando já estava no terminal do aeroporto JFK nos EUA. A partir daí Nonato viveria a inusitada situação de não poder entrar em sua própria casa, localizada no país de onde fora mandado embora – morava nos Estados Unidos havia cinco anos. Durante um período, o amigo ficou na casa do diretor, no Brasil, e foi contando os detalhes do episódio, somados a depoimentos de outros colegas que tinham vivido a mesma situação. Após mais uma tentativa de entrar nos Estados Unidos, Nonato telefonou, avisando que tinha conseguido.

       Mais informações para a imprensa com Fabio Bahr e Ivani Cardoso (Lu Fernandes Comunicação e Imprensa) pelo Telefone: (11) 3814.4600.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Tuitadas

Cinema em Cena fala sobre Olhos Azuis

Do site Cinema em Cena, por J.S
    
     Uma versão tupiniquim da torre de babel – ou quase. Em entrevista ao TeleCine, o diretor de Olhos Azuis, José Joffily (Dois perdidos numa noite suja) disse que os diversos idiomas falados durante o filme tornaram o trabalho mais complicado.
     No longa, David Rasch (Queime Depois de Ler) é um americano, chefe do departamento de imigração do aeroporto de NY e dono dos olhos-título. Ele comete um erro que transforma sua vida e o faz partir em busca da redenção em uma terra distante da sua, o Brasil.
     Joffily considerou um desafio dar ordem ao caos lingüístico, misturando instruções em diversas línguas para atores de todos os cantos do mundo.
Na maior parte do tempo os personagens conversam em línguas oficiais (inglês, português, espanhol), mas rolou também muito "portunhol" e linguagem visual.
     Quem sofreu mais, segundo o diretor paraibano, foi o protagonista Irandhir Santos, que teve que contracenar em inglês, mesmo sem falar o idioma.
     "Era muito difícil para o Irandir. Se você não fala, não tem o domínio do idioma... Você apenas decorou aquelas falas. Mesmo sabendo o sentido delas, é muito difícil", disse Joffily.

Olhos Azuis é destaque no Blog da Livraria Saraiva

Do site Saraiva Conteúdo, por Ramon Mello

       Quando um filme é bom saio mareado do cinema, ainda com certa vertigem provocada pelas ações de algum personagem. Ou, então, muito satisfeito por ter mergulhado na telona. De um modo ou de outro o espectador poderá se sentir ao assistir Olhos azuis (2009), novo longa do cineasta José Joffily.
       O ator americano David Rasche faz o papel de Marshall, chefe do Departamento de Imigração do aeroporto JFK, em Nova Iorque, que resolve comemorar seu último dia de trabalho complicando a entrada de imigrantes nos Estados Unidos, muitos deles latino-americanos.  O premiado ator pernambucano Irandhir Santos - também em cartaz em Quincas Berro D’Água e Viajo porque preciso, volto porque te amo- dá vida a Nonato, um brasileiro radicado nos EUA, que é humilhado num interrogatório sofrível.
      Para completar o time de imigrantes que aguardam a aprovação de um visto, estão dois poetas-traficantes argentinos (Valéria Lorca e Pablo Uranga), um grupo de lutadores hondurenhos e uma bailarina cubana - interpretada por Branca Messina. Mas é no duelo entre Irandhir e David que está a trama, os dois atores nos oferecem um trabalho de primeira, que faz jus aos prêmios recebidos mundo afora.
      Destaca-se também a atuação de Cristina Lago, como a nordestina Bia, e Eraldo Pontes, que numa única cena ganha o filme. E, ainda, a trilha sonora de Jaques Morelenbaum. Um thriller psicológico das diferenças – o roteiro é assinado por Paulo Halm e Melanie Dimantas - que prende o espectador às burocracias e às injustiças de um departamento de imigração e deságua num Brasil que foge dos estereótipos dos cartões-postais.
      Impossível não se sensibilizar com quem está do outro lado da persiana, à espera de um carimbo que pode mudar o rumo de sua história. Num mundo em que a questão da imigração é cada vez mais presente, ainda mais em se tratando da América do Norte ou da Europa, mesmo quem não passou por tal situação se lembrará de algum caso semelhante, seja um amigo ou o conhecido de um amigo. Em Olhos azuis o público é levado a refletir sobre a ignorância, e, quem sabe, entender que do mesmo modo como oprime, a ignorância também pode libertar.

      Confira a entrevista feita com o diretor José Joffily e o ator Irandhir Santos:

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Blog da jornalista Renata Pacheco fala sobre "Olhos Azuis"


Do Blog "Renata Pacheco", por Renata Pacheco
      Preconceituoso. Esta é a palavra-chave para o longa “Olhos Azuis” dirigido por José Joffily. O preconceito não está nos olhos do chefe da imigração do Aeroporto JFK e sim do próprio americano em querer ser o dono da verdade, dono da razão.


Bia e Marshall se encontram pela primeira vez em Recife (Crédito: 
Divulgação/Imagem Filmes/Fred Jordan)
  
     Fique atento ao começo do filme, pois mostra apenas trechos, que a princípio, podem parecer sem nexo, já que o desenrolar da história começa mesmo na sala da imigração, onde Marshall (David Rasche), chefe da imigração do Aeroporto JFK, comemora seu último dia de trabalho. Ele, além de alcóolatra, é o responsável por barrar estrangeiros que “sonham com o paraíso americano”. Mal sabe os viajantes, que entrarão em um inferno.

Bob tenta acalmar Marshall (Crédito: Divulgação/Imagem 
Filmes/Estevam Avellar)

        O longa só começa a ficar interessante quando ele vem ao Brasil dois anos após sua aposentadoria, precisamente em Recife, atrás de uma menina chamada Luiza. No entanto, acaba encontrando com Bia (Cristina Lago), uma prostituta, que por sinal fala muito bem inglês, e que acaba sendo seu anjo da guarda – já que o machão “descobre” que está com um tumor.

Marshall "descobre" que está com um tumor (Crédito: 
Divulgação/Imagem Filmes/Helder Tavares)

        Ora NY, ora Recife, ora Petrolina: é assim que a trama de “Olhos Azuis” se desenrola. A medida em que Marshall e seus subordinados se divertem complicando a entrada no país de vários latino-americanos, o filme fica mais tenso e o telespectador tem vontade de socar e falar “algumas verdades” para tal personagem.

Bia e seu avô no sertão brasileiro  (Crédito: Divulgação/Imagem 
Filmes/Helder Tavares)

    Dentre os imigrantes, há dois poetas argentinos, uma bailarina cubana, um grupo de lutadores hondurenhos e Nonato (Irandhir Santos), um brasileiro radicado nos EUA. Em clima de alta tensão, Marshall cria situações cada vez mais constrangedoras, até provocar um duelo entre ele e o brasileiro. A partir daí, já é possível descobrir quem é Luiza e porque Marshall foi atrás dela.

A bailarina cubana e o brasileiro Nonato (Crédito: 
Divulgação/Imagem Filmes/Estevam Avellar)

     O remorso de ter falado coisas tão horríveis para o brasileiro “olhos negros”, além de ter visto a morte de perto, fez com que o americano abondonasse seu país, atravessasse o Nordeste brasileiro, cruzasse o sertão até encontrar a bela região do rio São Francisco. Tudo isso para pedir perdão à família de Nonato e com a ajuda de Bia – que tem uma atuação brilhante ao encontrar seu avô no serão.
Marshall e Bia em Petrolina à procura de Luiza (Crédito: 
Divulgação/Imagem Filmes/Helder Tavares)

     Se antes de assistir o filme você gostava dos Estados Unidos, após vê-lo, terá um novo olhar sobre como a América Latina é vista pelos yankees. Com certeza comunistas e socialistas falarão: “eu bem que avisei para não pisarem lá!”. Além de preconceituoso, o filme mostra claramente a ignorância da sociedade americana.
      O thriller “Olhos Azuis”, grande vencedor do II Festival Paulínia de Cinema com seis prêmios, incluindo o de Melhor Filme, tem sua estreia nacional dia 28 de maio.

Blog "Doce Declínio" pública crítica sobre o filme


   Bem, Olhos Azuis é um filme que estreou sexta passada nos cinemas por aqui. Eu fui ver a esse filme na pré-estréia e pretendia escrever esse texto a uma semana atrás, mas esqueci! Sou mesmo um esquecido, de qualquer forma, antes tarde do que nunca, posto hoje, na quarta feira. Primeiro, para quem acha importante, vou colar aqui a sinopse que achei em um site qualquer (da veja de sp, eu acho). Se você for como eu pode pular o próximo parágrafo, mas se for normal, leia tudinho mesmo: 

                                   

    No passado, Marshall (o ator americano David Rasche) cumpre seu último dia na função de fiscal da polícia de imigração num aeroporto dos Estados Unidos. Prestes a se aposentar, ele decide tornar torturante o processo de entrada de alguns passageiros naquele país. Na fila para uma entrevista, há um modesto empresário nordestino (papel de Irandhir Santos), um casal de poetas argentinos, uma dançarina cubana e um grupo de lutadores hondurenhos. A narrativa no presente começa ambientada no Recife, onde Marshall pede a ajuda de uma garota de programa (Cristina Lago) para descobrir o paradeiro de uma menina. Sabe-se de antemão que as duas tramas, ambas nervosas, vão convergir para um desfecho dramático.”
     Pronto. Eu não gosto de saber das história, porque tento ao máximo impedir que eu descubra o final ou o meio do filme, sabe, detesto perder as surpresas. Graças a Coevos Filmes, tive a oportunidade de assistir ao longa de José Joffily antes da estréia – e digo logo, é um filme excelente.
    Tem uma tribo de pessoas que não assiste ou não gosta de filmes brasileiros pela precariedade de produção, mas vou dizer: Olhos Azuis parece até filme americano. O som é impecável (diferente de Lisbela e o Prisioneiro, por exemplo, que não se ouve porcaria nenhuma), a imagem é muito bem trabalho, a história é muito bem contada e o meu destaque para o filme: os atores são sensacionais – David Rasche e Irandhir Santos criam personagens difíceis de esquecer.
     O drama envolve muitas questões e faz você se perguntar várias coisas, do tipo, quem tem razão? Os dois lados são mostrados inúmeras vezes – o que abusa e o que é abusado. A história cria momentos tensos do inicio ao fim, de modo que as quase duas horas de filme passam rapidamente, de um jeito bom.
     Só havia visto um filme de José Joffily, um bem cru – 2 perdidos numa noite suja. Mas Olhos Azuis vai muito mais longe, tratando de um tema ligeiramente semelhante – o estrangeiro nos EUA. Não vá ao cinema esperando um filme pipoca, mas sim um longa capaz de criar reflexões sobre o mundo em que vivemos e até sobre sua própria vida, seu modo de se relacionar com as pessoas – seja no trabalho ou na família.
    Como já dito o filme é belíssimo e se me repito dizendo que os atores são fantásticos e o som excelente, é porque não quero revelar nada da trama, capaz de deixá-lo ligado até a cena final. Ganhou vários prêmios e por mim merece muitos mais. Veja. Mas veja não apenas com os olhos, veja com a cabeça também.
       É isso.

Blog "Outra Coisa" tambem publica crítica de Olhos Azuis

Do Blog "Outra Coisa", por Rangel Andrade



Acredito que esse texto se tornará mais político que crítico. Perdoem-me, mas há uma parte em mim que precisa descrever as sensações éticas que o excelente roteiro do filme Olhos Azuis me causou. Portando não me julguem ao terminar de ler, julguem os roteiristas Paulo Halm e Melanie Dimantas, a culpa é única e exclusiva deles. Salvo a crítica que é minha!

Uma boa parcela da população sabe que a situação do estrangeiro se tornou mais catastrófica após o 11 de setembro, e entrar na América depois dos atentados virou uma missão (quase) impossível (a intenção não era lembrar o famoso filme do nosso amigo Tom Cruise). A intolerância americana cresce cada dia mais e trata os imigrantes como se todos fossem terroristas prontos a destruir a supremacia americana (o que graças a Deus vem se tornado realidade, mas não por culpa dos “invasores”, mas sim de um país hipócrita e cheio de falsas morais).

O novo filme de José Joffily (que dessa vez acertou em tudo!), toca justamente nessa ferida. Em seu último dia de emprego como o Chefe Departamento de Imigração do aeroporto JFK, em Nova Iorque, Marshall (David Rasche, em uma atuação primorosa), resolve brincar com sua autoridade ao ter que “escolher” quem vai ter o direito que entrar na América. Enfrentando problemas com o alcoolismo, ou simplesmente se divertindo ao tomar um porre, ele começa a beber durante o expediente e passa a cometer uma série de arbitrariedades contra um grupo de latino-americanos, expondo-os a situações vexatórias para autorizar sua entrada nos Estados Unidos. Dentre os mais variados candidatos à admissão que vão de um casal de argentinos carregando cocaína a uma bela dançarina cubana, passando por um grupo guatemalteco de lutadores de tae kwon do, encontra-se o brasileiro Nonato (Irandhir Santos), que tenta retornar aos Estados Unidos após ter visitado a filha no Brasil.

Marshall utiliza de toda sua autoridade para tentar provar a culpa do brasileiro, vai de um interrogatório arrogante a uma ameaça com arma. É do duelo desses personagens que temos as bem elaboradas questões políticas lançadas no filme. Após ser questionado porque um estrangeiro sai de um país de terceiro mundo para infestar os EUA o brasileiro diz que ´só existem pobrezas no terceiro mundo porque potências, como os EUA, por muitos anos apoiaram ditaduras cruéis e abusivas em prol do seu crescimento´. Esse trecho dispensa comentários, a citação já diz por si só.

A narrativa do filme é não linear, de um lado temos o protagonista na Imigração americana, depois preso e por fim ele anos depois, no Nordeste do Brasil em busca de uma criança que, se encontrada, representará sua redenção. Nessa segunda situação, o protagonista desamparado, decadente e já aposentado encontra Bia (Cristina Lago, em uma atuação surpreendente), uma jovem aparentemente sem rumo que passa a ajudá-lo na procura pela garota.

Em sua caminhada acabamos adentrando um pouco mais na vida do nordeste brasileiro: entram os sons do forró, a seca, as mortes prematuras e a sofrida Bia, uma jovem que foge para Recife atrás de uma vida melhor e acaba se prostituindo. Bia é uma das grandes transformações durante a película, passa de uma menina ambiciosa a uma mulher destemida que ajuda a todo custo o americano a encontrar a pequena Luíza. Durante essa caminhada ela acaba se deparando com o avô, uma desavença do passado que vai mexer com seus sentimentos e mudar sua trajetória levando-a á um final mais humano e compassivo com os sentimentos do “gringo”.

Os opostos permeiam toda a trama: enquanto as cenas nos Estados Unidos são em cores escuras e frias e mostram um policial como o rei do pedaço (outro filme, meus Deus haja inspiração hoje!) as cenas no Brasil são feitas em cores quentes, com uma câmera trêmula e trilha sonora mais agitada. A busca de Marshall por um sucessor também trás esse duo: entre os dois assistentes temos Sandra (Erica Gimpel) uma policial abusiva, fria e quase tão arrogante quanto o chefe, enquanto Bob (Frank Grillo) é mais correto e menos racional, chegando a se condoer pelo caso da dançarina cubana Calipso (Branca Messina).

Joffily disse que queria em seu filme atores dos países de origens dos personagens. Como o protagonista é americano, David Rasche foi escolhido primeiro através de uma seleção feita por dvd´s, ele e mais nove atores passaram por testes com o diretor e para a sorte do público (e do próprio ator, que está em seu melhor papel) Rasche acabou ficando com o papel. E acaba por dar vida a dois Marshall durante o filme: um homem audaz e frio e outro sofrido e melancólico atrás de sua redenção. O segundo com certeza é a parte mais marcante do ator: denso e caótico ele se transforma e chega causar dor e tirar algumas lágrimas com um personagem perdido em uma terra distante.

Quanto à língua estrangeira o diretor afirma: “A Branca Messina (Calipso) morou muito tempo na Espanha, mas eu queria que ela tivesse um sotaque cubano. Coloquei um cubano ao lado dela, uns cinco meses, para fazer isso. O Irandhir pegou rápido. A Cristina Lago também não tinha muita desenvoltura no inglês. É difícil definir o quão bem um personagem deve falar inglês, como ele deveria piorar ou melhorar seu inglês. Ao mesmo tempo se entender com o elenco, no set de filmagens, e fazer improvisos. A gente fez esta opção, mas é difícil encontrar o tom”.

Olhos Azuis foi o grande vencedor no II Festival Paulínia de Cinema em 2009 arrebatando os prêmios de Melhor Filme ficção, Melhor Roteiro, Melhor Ator Coadjuvante (Irandhir Santos), Melhor Atriz (Cristina Lago), Melhor Som e Melhor Montagem.

É um bom filme. Uma boa história e um elenco afiadíssimo. Talvez o final desse texto seja menos político que o esperado, mas escrever tem dessas coisas: às vezes queremos desenvolver um assunto e acabamos nos desviando, mas o grande exemplo de civilidade e amor á pátria se deve sim aos diálogos marcantes e as ironias que permeiam todo o longa. É para pensar e questionar. Somos fruto de uma supremacia ideológica (e preconceituosa) americana que nos taxam como lixos e ainda assim queremos a todo custo Fazer a América!

Político ou não! Pensador ou não! É um filme corajoso e destemido. Merecedor de bons elogios e muitos espectadores, mas o que esperar de um país que lançou somente dezessete cópias (isso mesmo, 17) de uma história que nada mais é que uma declaração de amor aos valores dos brasileiros e de um Brasil tão esquecido.

Lançamento do livro do roteiro de Olhos Azuis neste dia 09, a partir das 19h no Artepelx

Clique na imagem para ampliar

Crítica do filme por Fred Burle

Reproduzimos abaixo crítica do filme originalmente postada no Blog Fred Burle no Cinema:

José Joffily já tinha feito um ótimo filme passado no Brasil e no exterior, Dois Perdidos Numa Noite Suja. Mas aquela era uma história mais simples, o orçamento era menor e a ambição também.

Com Olhos Azuis, o diretor nitidamente almeja mais, do público e da crítica e ainda ousa ao jogar lama no ventilador e fazer uma crítica ferrenha à hipocrisia e à xenofobia, que ficou ainda mais ressaltada nos EUA pós 11 de setembro.

Marshall é o chefe do departamento de imigração do aeroporto JFK e está no seu último dia de trabalho. Ele e sua equipe são responsáveis por entrevistar os imigrantes e liberar ou não suas entradas no país. Dentre os entrevistados daquele último dia de Marshall estão um brasileiro, uma cubana, um grupo de hondurenhos que se dizem lutadores de tae-kwon-do e um casal de poetas argentinos. Alguns deles falam a verdade e outros não.

Paralelamente às entrevistas, outra trama se desenrola: dois anos depois, Marshall viaja ao Brasil em busca de uma menina. Ele contará com a ajuda de Bia, uma pernambucana espevitada e inteligente, para procurar a menina pelo estado de Pernambuco.

Não é todo dia que se pode filmar um roteiro tão bom quanto este e Joffily fez um ótimo proveito do material que tinha em mãos. A história prende a atenção e deixa o público gradativamente tenso e curioso para saber como os acontecimentos serão ligados e em que dará aquilo tudo.

Mas isso só foi possível graças à direção precisa, à montagem difícil e bem realizada e ao elenco semidesconhecido, mas muito competente, especialmente David Rasche e a jovem Cristina Lago, excelente e encantadora no papel de Bia.

Num determinado momento, o chefe do departamento e o brasileiro discutirão e cada qual exporá seus pensamentos com relação ao assunto pautado, ambos com argumentos plausíveis e posturas diferentes. É ali o momento crucial para o filme ganhar o público ou perdê-lo. A mim, ele ganhou.

Se há algum pecado no filme, para mim, este reside na fotografia, estourada demais em determinados momentos, cujo branco chega a incomodar, aparentemente sem propósito.

Eu sempre reclamo quando um diretor nacional resolve fazer filme no estilo norteamericano, por que quase sempre fica-se somente na intenção. Com Olhos Azuis, José Joffily conseguiu extrair o que há de melhor no cinemão gringo e unir ao que há de melhor no cinema brasileiro.

Não deve em nada nem para os grandes filmes policiais hollywoodianos nem aos ótimos dramas brasileiros passados no nordeste. Infelizmente, pela “xenofobia cinéfila”, pelo protecionismo existente nos EUA e por tocar na ferida sem dó, dificilmente conseguirá exibição onde ele provavelmente seria melhor apreciado: lá, na casa do tio Sam.

 
--
O blog também sugere o trailer.
OLHOS AZUIS EMCARTAZ NUM CINEMA MAIS OU MENOS PRÓXIMO DE VOCÊ. NÃO PERCA!

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Daiblog entrevista Irandhir Santos

Do Daiblog, postado por Michel Toronaga, em 02 de junho de 2010.

O pernambucano Irandhir Santos interpreta Nonato, o corajoso emigrante brasileiro que encara Marshall, chefe da imigração americana em Olhos Azuis. O ator fez sua formação em artes cênicas na Universidade Federal de Pernambuco, do teatro ingressou na televisão, onde trabalhou na minissérie A Pedra do Reino. Sua estreia em longa metragem foi em Cinema, Aspirinas e Urubus, depois veio Baixio das Bestas, com o qual conquistou o Troféu Candango de melhor ator coadjuvante no Festival de Brasília de 2006. Em 2009 atuou no filme Besouro. Também fez o curta Décimo segundo e o longa Amigos de risco.


No inicio de 2010, pôde ser visto também como o protagonista do longa Viajo Porque Preciso, Volto Porque te Amo, de Karim Ainouz. Sua atuação em Olhos Azuis foi premiada no Festival de Paulínia, 2009. Em maio deste ano, Irandhir estreou também o filme Quincas Berro D´Água, adaptação para a cinema do livro de Jorge Amado. Atualmente, o ator está filmando Tropa de Elite 2. Leia agora uma entrevista com o ator falando sobre Olhos azuis.
 
 
 Irandhir em Décimo segundo
Varias línguas

Minha formação foi em teatro, onde é possível experimentar mais. Em cinema é tudo corrido, mais matemático, tem que ter mais concentração. Repetir a mesma cena com a mesma intensidade, sem perder a emoção. Mas o maior desafio desse papel foi sem dúvida interpretar em inglês. Inglês sempre foi um problema, desde o tempo da escola. Porque não tinha motivação para estudar como deveria. Mas o engraçado é que eu sempre soube que um dia precisaria do inglês. Até que um dia liga a Helô (produtora do filme) e me convidada para interpretar o papel. Nesse momento ela diz: tem uma questão, você tem que interpretar em inglês. Então eu tive que voltar para a escola. Ela disse: você tem 3 meses para se preparar.

Se tive dificuldades no inglês no passado, por outro lado, sempre encarei os desafios da vida. Então pensei: em 3 meses o Nonato estará pronto. E assim foi, o aprendizado continuou durante a filmagem. No set, tive a ajuda do Joffily, do David Rache, da Erica Gimpel e do Frank Grillo, os atores americanos. Depois de alguns dias rodando, ensaiando o clima tomou conta do set, o inglês foi ganhando força e eu fui assimilando. Tem ainda o espanhol, o Nonato fala portunhol. Na verdade, na sala de espera da imigração existe uma tentativa de comunicação, as pessoas se comunicam de várias formas, há outras linguagens presentes ali, talvez até mais significativas do que a verborragia.
 
 
 O ator em Quincas Berro D'água
Cumplicidade

Calypso, a cubana que fica detida juntamente com Nonato e o outros latinos na ante-sala da imigração americana, é a personagem mais próxima do brasileiro. Os dois estão em situação parecidas, talvez para ela seja mais difícil, porque é a primeira vez que ela viaja para os Estados Unidos. Para Nonato é mais tranquilo, ele está mais preocupado com seu tempo. Ele quer aparentar ser um homem de negócios. Naquela sala ele encontra uma cumplicidade com Calypso. Às vezes não há palavras. Eu e Branca (Messina) que interpreta a Calypso, conversamos sobre isso, às vezes basta um olhar. O que vem dos outros personagens em relação ao Nonato são coisas muito desumanas. Os policiais estão atirando o tempo todo, são outros sentimentos, mas estes também ultrapassam a barreira da língua.
A construção de Nonato

A partir de uma palavra: emigração. Uma pessoa que vai sempre em frente, que se estabelece.Nonato saiu de Petrolina, superou dificuldades para ir até o Recife estudar história, depois vai para os Estados Unidos. Lá ele se estabeleceu, sempre seguindo em frente, trilhando um caminho reto. Até que chega uma pessoa e diz: pare por aí. Daqui você volta. Desconsidera todo o seu passado.
 
Ao lado de Branca Messina no drama Olhos azuis

Dentro da bolsa que Nonato carrega está a filha,a mãe e a sua história. É difícil você abrir mão da sua história. Confesso que me detive no Nonato do aeroporto e em um passado que o motivasse a ir para os EUA. Mas tem o outro Nonato. Na imigração ele está constantemente preocupado, transpira, tem rugas na testa. Quando está no Recife é um Nonato relaxado, sorridente, seu tempo é mais devagar, observa, sente o clima, aproveita o sol, o mar, a filha.

No primeiro interrogatório, Nonato se expressa com um inglês perfeito. Mas à medida que vai sendo pressionado, seu inglês vai piorando. Sua emoção vai crescendo quando se sente atingido,aí retoma a língua mãe, o português. No momento da virada, precisa se fazer entender, então Nonato volta para o inglês perfeito. São várias trajetórias desse personagem. 
 
 
Cena de Amigos de risco
Olhos Azuis fala do ser humano

A cor azul representa a memória. Para o Nonato e para mim também. Quando acordo, lembro dos meus sonhos com a cor azul. O meu passado também é azul. A cor está presente nos olhos de duas pessoas significativas na vida dele: o policial, esse monstro que diz, você não vai em frente e a filha, que é o há de mais precioso para ele. Duas pessoas com cores iguais em seu olhos, mas que trazem emoções totalmente diferentes. Marshall e Luiza. Como podem ser iguais e diferentes ao mesmo tempo? Estamos falando das mesmas pessoas.


Esse filme fala das mesmas pessoas, somos iguais, independente da cor, ou dos olhos, somos iguais. Pessoas iguais e diferentes. Muda-se a cor, mas os infortúnios são os mesmos. todos são iguais, as questões são as mesmas. Não é uma questão de país ou de cultura. É uma questão humana. Como lidar com os nossos infortúnios? Nonato volta a ser um animal, ao seu instinto de sobrevivência e defesa. Volta ao que todo homem tem, seja em que país for, independente da cor dos olhos, da cor da pele. Esse filme fala sobre o homem. São as conseqüências da vida.
 
 
Irandhir Santos em Besouro
Imagens e cores

Meu personagem tem uma câmera, então o fotógrafo do filme, Nonato Estrela, me perguntou: o que o seu Nonato filmaria? Acho que Nonato sai captando a imagem dos pés de sua filha, sua filha correndo, a praia de Boa Viagem, os momentos de carinho com Luiza.


Assisti a uma reportagem sobre segurança nos aeroportos e ali surgiu a ideia das cores. Para demonstrar os níveis de atenção, eles usam cores. Por exemplo, alerta laranja, alerta vermelho, etc. Eu peguei essa referência como guia das emoções das cenas que faria. Então tenho cenas amarelas e quando começa a incomodar passo para as cenas laranjas até chegar o “pega pra capar”, as cenas de vermelhas.